Burnout: o esgotamento que não podes ignorar

O stress no trabalho não é apenas "parte da vida".

Na Europa, o stress laboral está na origem de 50 a 60% do absentismo e é já o segundo problema de saúde mais identificado relacionado com o trabalho.
Em P
ortugal, a situação é ainda mais preocupante:

  • somos o 3.º país europeu onde os trabalhadores mais referem o stress laboral como 'muito comum' (28%) - quase o dobro da média europeia,

  • e o 1º país europeu com mais profissionais em risco ou efetivamente em burnout.

Ainda que o burnout seja uma condição cada vez mais falada, ainda é pouco compreendida.

O que é o Burnout?

Síndrome de Burnout é uma perturbação psicológica resultante da exposição prolongada e severa a situações de stress crónico em contexto laboral. Atualmente já é reconhecida como doença profissional.

O Burnout traduz-se num esgotamento de recursos emocionais, físicos e mentais, provocado pela pressão e pelo envolvimento intenso com o trabalho.

Quais são os sintomas do Burnout?

Sintomas físicos:

  • Cansaço permanente, que não melhora com o descanso.

  • Sistema imunitário enfraquecido: constipações, gripes e doenças frequentes.

  • Dores físicas recorrentes: dores de cabeça e musculares.

  • Alterações de sono (insónias ou excesso de sono).

  • Alterações do apetite.

Sintomas emocionais:

  • Sentimentos de fracasso, derrota e desamparo.

  • Solidão e isolamento afetivo.

  • Desmotivação e falta de entusiasmo.

  • Negativismo e desesperança.

  • Diminuição da satisfação pessoal e profissional.

Sintomas comportamentais:

  • Isolamento social.

  • Dificuldade em assumir responsabilidades habituais.

  • Consumo excessivo de comida, álcool, tabaco ou drogas.

  • Absentismo, atrasos frequentes ou saídas antecipadas.

  • Lentificação ou alteração de padrões de comportamento.

As três dimensões do Burnout:

O Burnout manifesta-se através de três dimensões centrais:

  • Exaustão → sentimentos de esgotamento e falta de energia.

  • Despersonalização → afastamento emocional, cinismo e postura distante no trabalho.

  • Ineficiência e falta de realização → insatisfação, autoavaliação negativa, sensação de infelicidade e de pouco valor no trabalho.

Precisamos continuar a falar sobre Burnout.

Apesar da maior divulgação nos últimos anos, há três razões pelas quais o Burnout continua a ser um tema crítico:

  • A sociedade continua a valorizar o excesso e a produtividade a qualquer custo.

  • Muitas crenças reforçam comportamentos tóxicos ("um bom profissional aguenta tudo", "precisar de ajuda ou mostrar vulnerabilidade é sinal de fraqueza").

  • Nem sempre a informação que circula é credível ou cientificamente fundamentada.

Falar sobre Burnout é falar sobre saúde mental no trabalho - e isso precisa de deixar de ser tabu.

Saúde mental em Portugal: o cenário atual.

Os números mostram a urgência:

  • 1 em cada 5 pessoas sofre de doença mental.

  • 43% da população já teve uma doença mental.

  • As perturbações mais comuns são a ansiedade (16,5%), seguida da depressão (8%).

  • Portugal é o país europeu com maior consumo de psicofármacos.

E, ainda assim, 65% das pessoas não recebeu tratamento no último ano antes da recolha destes dados. Muitas nem sequer tiveram acesso após o primeiro ano de doença.

O Burnout traz perdas para a pessoa, para as empresas e para a sociedade.

Para a pessoa:

  • Perda de salário.

  • Gastos com consultas médicas, medicamentos e terapias.

Para a entidade laboral:

  • Custos diretos: despesas de saúde e incapacidades.

  • Custos indiretos: absentismo, presentismo, substituição de colaboradores, perda de produtividade.

Para a sociedade:

  • Aumento dos custos com saúde.

  • Redução da produtividade e impacto económico negativo.

Segundo a Ordem dos Psicólogos, toda a realidade que referimos nos dados anteriores é responsável por 40% dos anos vividos com incapacidades e acarreta um peso económico, com a doença, significativo.

O que podemos fazer?

  • Refletir e analisar → pára para perceber como está o teu estado emocional.

  • Garantir vida fora do trabalho → reserva tempo de lazer, descanso e investe em relações de qualidade.

  • Desenvolver competências emocionais → quanto melhor lidas com as tuas emoções, melhor consegues influenciar as tuas consequências.

  • Reforçar a prevenção → organizações e políticas públicas precisam investir em saúde mental, não apenas reagir quando já é tarde.

Conclusão:

O Burnout não é preguiça, não é "mimimi" e muito menos "falta de capacidade e de força". É uma doença real, com impacto profundo na vida pessoal, profissional e social.
Reconhecer os sinais e agir cedo é essencial.


🚨 E nunca esquecer: procurar ajuda não é fraqueza, é um ato de coragem e autocuidado.

🚀 Se sentes que te revês nestes sintomas ou riscos, começa hoje: reserva um momento para ti e reflete, com a orientação da nossa checklist gratuita, sobre o teu estado emocional.
E, se necessário, procura apoio especializado. A tua saúde mental é prioridade e nós estamos aqui para te ajudar.

Referências bibliográficas: