
Já sentiste que a tua carga de trabalho ou um ambiente tóxico influenciaram diretamente o teu bem-estar emocional? O impacto do contexto social e profissional na nossa saúde mental é muitas vezes invisível, mas tem efeitos profundos no nosso equilíbrio psicológico.
Segundo o inquérito "Tomar o Pulso à SST" realizado pela EU-OSHA em 2022, revela que 27% dos trabalhadores sofrem de stress, ansiedade ou depressão causados ou agravados pelo trabalho. Este número evidencia a necessidade de olharmos para os fatores de proteção psicossociais como uma prioridade para organizações e trabalhadores.
Não existimos num vácuo, mas sim num contexto com normas sociais e culturais que influenciam o nosso comportamento. Desta forma, precisamos compreender o ambiente/contexto de trabalho e identificar os possíveis riscos psicossociais.
Cada sociedade e cada organização é constituída por pessoas de diferentes origens culturais - e estas diferentes culturas, por sua vez, já impactaram nas atitudes, valores, ideologias, capacidades e desempenho individual (Nwibere, et al., 2011).
O que são riscos psicossociais?
O risco profissional de natureza psicossocial (também conhecido de risco psicossocial) define-se como a probabilidade de ocorrência de um efeito adverso na saúde mental, física e/ou social do trabalhador e a sua gravidade, decorrente da exposição a fator(es) de risco psicossocial(ais) no local de trabalho. As causas dos riscos psicossociais podem variar de acordo com o tipo de trabalho e a organização em questão, mas geralmente envolvem uma combinação de fatores relacionados com o trabalho e pessoais.
São influenciados por três níveis:
- a nível global (macro), pelo enquadramento (económico, social, cultural, sanitário, entre outros) externo à organização;
- a nível da organização (meso), pelo contexto de trabalho (incluindo o ambiente social de trabalho em particular a forma como o trabalho é concebido, organizado e gerido) e pelas condições de emprego;
- e ao nível do trabalhador (micro), pelas condições de vida, as características e condições pessoais, entre outros.
Alguns exemplos de fatores de risco psicossocial incluem:
- Carga de trabalho excessiva ou desequilibrada;
- Falta de controlo sobre as tarefas ou processos de tomada de decisão;
- Apoio social ou emocional insuficiente dos colegas e da organização;
- Comportamentos inadequados, como assédio ou bullying;
- Insegurança no emprego;
- Conflitos interpessoais ou organizacionais;
- Falta de clareza sobre expectativas ou objetivos do trabalho.
A importância de abordar os riscos psicossociais
A saúde mental no trabalho não deve ser vista como um tema secundário ou apenas uma responsabilidade do trabalhador. Os impactos negativos dos riscos psicossociais vão além da vida pessoal: reduzem a produtividade, aumentam o absentismo e podem levar a consequências graves, como burnout e outras doenças ocupacionais.
Do ponto de vista legal, a Diretiva-Quadro 89/391/CEE estabelece a obrigação das entidades empregadoras em garantir um ambiente de trabalho seguro, incluindo a avaliação e mitigação dos riscos psicossociais. A participação de trabalhadores neste processo é fundamental, pois são os que melhor percebem os desafios do seu dia-a-dia.
Como prevenir os riscos psicossociais?
A prevenção dos riscos psicossociais começa com a consciencialização e a avaliação dos riscos a que os colaboradores estão sujeitos. Cada organização deve adotar uma abordagem proativa na prevenção dos riscos psicossociais, o que pode ser feito através de questionários, entrevistas e medidas ou observação direta. Identificados os riscos, devem-se aplicar medidas que promovam o bem-estar.
Fatores de proteção psicossociais
Felizmente, existem diversas estratégias que ajudam a mitigar estes riscos e promover um ambiente de trabalho mais saudável que assegure:
- a conciliação do trabalho e da vida pessoal,
- potencie o equilíbrio emocional e a robustez psíquica,
- possibilite a capacitação para o desempenho e a qualidade de vida no trabalho
Alguns fatores de proteção que consideramos essenciais incluem:
☑️ Clareza nas funções e expectativas – Trabalhadores que compreendem o seu papel e objetivos sentem mais segurança e confiança.
☑️ Autonomia e participação na tomada de decisões – Quanto maior o controlo sobre o trabalho, menor o risco de stress e frustração.
☑️ Ambiente de trabalho seguro e inclusivo – A cultura organizacional deve incentivar respeito, apoio mútuo e comunicação aberta.
☑️ Formação e desenvolvimento contínuo – O sentimento de valorização e a oportunidade de crescimento reduz a ansiedade e o desânimo.
☑️ Gestão equilibrada da carga de trabalho – Definir prioridades e evitar sobrecarga melhora o bem-estar mental.
☑️ Promoção de pausas e momentos de descanso – Respeitar os tempos de descanso ajudam na recuperação da energia e concentração.
Conclusão
A saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores não devem ser tratados como um extra, mas sim como parte essencial de qualquer organização. Para que haja um equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida, é fundamental que tanto organizações quanto trabalhadores invistam na criação de um ambiente saudável.
Referências:
DGS (2021). Guia técnico n.º3: Vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a fatores de risco psicossocial no local de trabalho.
Leclerc, Christophe, et al. OSH Pulse - Occupational Safety and Health in Post-Pandemic Workplaces. European Agency for Safety and Health at Work (EU-OSHA), 2022.
Nwibere, B. M., Emecheta, B. C., & Worlu, G. O. (2011). Comparative Management: A System Approach. Samac Stationery Limited, Port-Harcourt.
Riscos psicossociais e stresse no trabalho | Safety and health at work EU-OSHA. (n.d.). Osha.europa.eu. https://osha.europa.eu/pt/themes/psychosocial-risks-and-mental-health
Faz aqui o dowload do workbook que te vai ajudar a explorar a tua "história de origem"
Newsletter
Sabe mais sobre a nossa história, projetos e estratégias exclusivas.