Olá, eu sou o Nuno!
Esta apresentação parece algo tão simples e óbvia, mas a verdade é que para a expressar é preciso autoconhecimento. Ele está em todo o lado, sendo aquilo que em última instância nos diferencia de uma pedra – é composto por todo o conhecimento que forma a nossa identidade (até o nosso Cartão de Cidadão é um exemplo disso).
Mas vamos por partes.
Primeiro é importante compreender o que é isto do autoconhecimento.
Podemos começar por referir que é a consciência que temos sobre nós. Agrega, por exemplo, quem somos, o que gostamos e queremos, permite que olhemos para dentro – para o nosso mundo interno, composto de pensamentos, emoções, sensações e tanto mais. Esta observação interna vai dar-nos pistas sobre a forma como interagimos com as pessoas e o mundo.
Ao apostarmos nesta autoexploração, estamos a fomentar um funcionamento mais saudável, adquirindo uma visão mais realista sobre nós, o que pode conduzir a tomadas de decisão mais adequadas e benéficas aos aspetos essenciais da vida.
Para ajudar a ilustrar, imagina que entras numa casa e está tudo às escuras. Não vês nada, não consegues perceber o que pode estar à tua volta, o que dificulta decidires o que fazer, que passos dar, quais as consequências. Se não souberes que há formas de resolver essa situação e, por exemplo, procurar um interruptor e ligar uma luz, vais ficar parado – sentindo-te estagnado. Pode parecer obvio que perante uma casa às escuras se liga uma luz, mas isso é conhecimento que se teve de adquirir e que se automatizou. O autoconhecimento segue o mesmo princípio de aprendizagem. Preciso de me conhecer, de saber mais sobre mim para perceber o que é quero fazer e para onde quero ir. Isto claro se for o que me faz sentido, porque posso estar confortável com o que sei e onde estou – poderei é não avançar do hall de entrada.
É um processo continuo, não existe uma conclusão para o autoconhecimento, é um caminho sem uma meta final, mas com imensos checkpoints. A resposta a quem nós somos está em constante desenvolvimento, desde o momento em que nascemos – não existindo um momento mais oportuno ou ideal para iniciá-lo. Podemos começar e ajustá-lo a qualquer altura e da forma que nos fizer mais sentido.
Levanta-se então outra questão: como podemos conhecer-nos?
Aqui a resposta é totalmente subjetiva, depende da pessoa, do ponto em que se encontra, do que pretende, por quem se quer conhecer (motivado por si ou por outras pessoas). Para respondermos a essa questão, facilita-nos saber o que contribui para nos conhecermos – sendo importante ressalvar que cada pessoa é única, com a sua “bagagem” interna e interage de forma singular com tudo o que a rodeia.
Brown (1998) identifica cinco fatores:
- Mundo físico – limitada a informação física, como altura, peso e cor dos olhos;
- Comparações sociais – ocorre quando nos comparamos com as outras pessoas (as subcategorias incluem comparações ascendentes e descendentes, nas quais nos comparamos com alguém melhor e pior, respetivamente);
- Avaliações refletidas – provém das avaliações que as outras pessoas fazem de nós (é como se nos víssemos refletidos através dos olhos dos outros);
- Introspeção – observação interior de pensamentos, sentimentos, motivos e desejos;
- Auto-percepção – aprendemos sobre nós através da observação e análise do nosso comportamento.
Schaffner (2020), adicionou duas fontes adicionais:
- Abordagens ao estilo CBT – análise racional dos nossos processos de pensamento negativo através de abordagens semelhantes e incluindo a Terapia Cognitivo-Comportamental (CBT);
- Técnicas de atenção plena / mindfulness – estas técnicas ajudam-nos a avaliar e melhorar as nossas capacidades de foco interior/conexão e inteligência emocional.
Podemos então afirmar que o autoconhecimento é alcançado pela junção do mundo físico, social e psicológico.
Tudo isto fornece-nos informações, que nos permitem fazer avaliações e implementar mudanças – que se pretende que tenham como foco um controlo e gestão mais adaptável e saudável das nossas vidas.
Possibilita preencher as páginas do “livro” da nossa vida, fornecendo uma narrativa significativa às nossas ações passadas, presentes e futuras, um sentido de continuidade ao longo do tempo (Bukowski, 2019).
Se decidirmos seguir o caminho do autoconhecimento, podemos ter como “efeitos secundários” – para além de um maior conhecimento sobre nós – uma maior capacidade de vivermos as nossas vidas de forma coerente e gratificante; um aumento da compreensão sobre os medos e aquilo que nos motiva; e mais controlo sobre as nossas emoções.
Voltamos então à questão: como é que podemos fazer isto?
Em suma, questionando e refletindo sobre:
- quem somos/quais as nossas características, do que gostamos e não gostamos, como nos tendemos a comportar;
- os nossos pensamentos, emoções e comportamentos;
- de onde é que isto vêm / como foram formados;
- que impacto têm na nossa vida presente;
- quem queremos ser;
- o que precisa ser mudado, transformado;
- como o podemos fazer, em termos de ações práticas e objetivos.
Pegando na imagem da casa, passa por avançar e explorá-la com curiosidade, estando disponível para o que se for descobrindo.
Parece algo simples e fácil, mas asseguro que não é – pelo menos para mim tem sido uma viagem cheia de altos e baixos.
Ao permitir-me entrar em contacto comigo encontrei forças e obstáculos, coisas que não sabia que estavam lá ou que estavam tão enraizadas (como é o caso de alguns preconceitos machistas). Claro que nem tudo é negativo e tenho-me deparado com uma confiança e coragem que achava ausentes ou diminutas. Independentemente do que surge, vou procurando gerir tudo isso, percebendo o que me faz sentido e mantendo um pensamento de compaixão para comigo, porque dei o meu melhor até aqui com tudo o que sabia. Agora, com mais informação posso mudar – se assim quiser e o que estiver sob o meu controlo.
Este percurso tem-me permitido crescer nas várias áreas da minha vida, sendo cada vez mais eu. E o (meu) objetivo é mesmo esse: Ser Eu! com tudo aquilo que isso acarreta.
Um abraço,
Nuno
Referências bibliográficas:
- Brown, J. D. (1998). The self.
- Bukowski, H. (2019). Self-knowledge. In V. Zeigler-Hill & T. K. Shackelford (Eds.) Encyclopedia of personality and individual differences (pp. 61–76). Springer.
- Schaffner, A. K. (2020, May 25). What’s so great about self-knowledge? Psychology Today. Retirado a 22 de junho, 2022, do https://www.psychologytoday.com/us/blog/the-art-self-improvement/202005/whats-so-great-about-self-knowledge
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